O Brasil está às portas da maior transformação tributária das últimas décadas. A partir de janeiro de 2026, os documentos fiscais eletrônicos (NF-e e NFC-e) passam a exigir o preenchimento obrigatório de novos campos relacionados à CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), ao IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e ao Imposto Seletivo (IS).
Até lá, as empresas devem se organizar para que a transição ocorra sem falhas. Mais do que uma mudança burocrática, trata-se de uma reestruturação que impactará diretamente preços, fluxo de caixa, contratos, processos internos e tecnologia fiscal.
Neste artigo, você vai entender os principais pontos de atenção, os riscos de não se preparar e as etapas práticas para conduzir uma transição segura.
O que muda com a Reforma Tributária?
A Reforma Tributária busca simplificar o sistema brasileiro de tributos sobre consumo, substituindo uma série de impostos atuais por contribuições unificadas. Mas, até que a transição se conclua (prevista para 2033), as empresas terão de lidar com um período de convivência entre modelos.
- CBS: substitui PIS e Cofins, com cobrança unificada.
- IBS: integra ICMS e ISS, com arrecadação compartilhada entre estados e municípios.
- Imposto Seletivo (IS): incidirá sobre produtos e serviços considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente.
Esse novo desenho traz impactos no fluxo de caixa, já que a cobrança ocorrerá em tempo real (split payment) e exigirá maior integração entre processos fiscais e financeiros.
1ª etapa: conhecimento técnico e estratégico
O primeiro passo é entender a fundo como o novo modelo funcionará. A alta gestão e as equipes operacionais precisam estudar:
- Impacto do split payment na liquidez da empresa;
- Alterações nos créditos tributários;
- Setores que passam a ser tributados, mesmo quando antes eram isentos;
- Incidência do Imposto Seletivo em determinados produtos ou serviços.
Essa compreensão técnica é essencial para reavaliar modelos de negócio, estoques, precificação e contratos.
2ª etapa: diagnóstico interno
Feito o estudo da legislação, é hora de avaliar como a reforma vai afetar o dia a dia da empresa.
- Os processos contábeis e fiscais atuais suportam as novas exigências?
- O sistema de precificação precisará ser ajustado?
- Os contratos com fornecedores e clientes já contemplam cláusulas de adaptação tributária?
- A equipe está dimensionada e capacitada para lidar com as mudanças?
Uma comunicação clara com clientes e parceiros também será necessária para evitar conflitos em relação a preços e condições comerciais.
3ª etapa: tecnologia e sistemas
Um dos pontos mais críticos da reforma é a tecnologia. A partir de outubro de 2025, os campos de IBS, CBS e IS já estarão disponíveis nas notas fiscais. Embora inicialmente o preenchimento seja opcional, em 2026 ele se tornará obrigatório.
Assim, é fundamental:
- Atualizar o emissor de notas fiscais para suportar os novos campos;
- Adequar o ERP e o sistema contábil para as novas escrituras;
- Investir em soluções de automação fiscal que reduzam erros manuais;
- Garantir integração entre áreas fiscal, financeira e de tecnologia.
Empresas que ainda dependem de planilhas e processos manuais correm sério risco de inconsistências, multas e até paralisações.
4ª etapa: governança e compliance
Não basta apenas implementar sistemas. É necessário fortalecer o compliance tributário, garantindo controles rígidos sobre créditos, prazos e obrigações acessórias.
- Monitore constantemente PECs e leis complementares que detalharão a aplicação da reforma;
- Registre corretamente os créditos acumulados no período de transição;
- Mantenha relatórios claros e auditorias internas frequentes.
A governança tributária será um diferencial para reduzir riscos jurídicos e assegurar segurança operacional.
O papel estratégico da Reforma
Embora represente desafios, a Reforma Tributária também abre oportunidades. Empresas que se anteciparem terão vantagens competitivas:
- Redução de riscos de autuações;
- Processos mais ágeis e digitalizados;
- Maior integração com fornecedores e clientes;
- Sustentabilidade a longo prazo em um ambiente tributário simplificado.
Ver a reforma como uma oportunidade de modernização pode mudar a forma como a empresa enxerga seu próprio crescimento.
Conclusão
A contagem regressiva já começou: em janeiro de 2026, as novas regras serão realidade. Empresas que deixarem a adaptação para a última hora correm riscos sérios de multas, falhas operacionais e até interrupções nas vendas.
Por isso, comece hoje mesmo o processo de preparação: estude a legislação, faça diagnósticos, modernize seus sistemas e fortaleça a governança.
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